Ser Motociclista

Vivia como todos. Andava, corria, tropeçava, caia, esbarrava, caminhava bem devagar ou estabanadamente imprudente.

Um dia resolvi tirar a pele que cobria meu corpo e dispensar os ossos também.

Fiquei exposta e percebi que a brisa mansa passa a ser ventania, um simples esbarrão pode levar um pedaço do corpo e a velocidade imprudente pode desprender o cérebro ou outro órgão vital.

Leve esta comparação entre os motoristas de automóveis e os motociclistas.

Estar dentro da estrutura de um automóvel protege o corpo do vento, da fumaça, da poeira, das pedras, dos insetos, dos fios de pipa com cerol, fazendo esquecer que lá fora os motociclistas estão vulneráveis a atitudes distraídas ou maldosas de motoristas como as fechadas, falta de sinalização para mudança de direção, freadas bruscas, ultrapassagens perigosas, dentre outras situações. Já vi um coco ser jogado pela janela de um carro no eixo da Asa Sul em Brasília-DF!

Por 24 anos fui apenas motorista de automóvel e sempre gostei da proteção de sua estrutura, aos 43 anos decidi aprender a ser motociclista, passei a ver o mundo com o coração, a sentir a liberdade do corpo e, principalmente, estar mais consciente de que ao dirigir se faz muito mais pelos outros do que por si próprio!

Creio que todas as habilitações para o trânsito deveriam iniciar com a Categoria A (motociclista) porque possibilitaria compreender melhor o quanto são imprescindíveis a educação e a obediência às regras de trânsito, sendo pré-requisito para habilitar-se à Categoria B não ter provocado acidente ou cometido infração no trânsito durante doze meses.

Ah, para não deixar passar, motociclista é consciente e responsável pelas cilindradas que conduz, enquanto que o motoqueiro quer apenas chegar ao seu destino.

Texto:

Lilian Jonara G. Gertrudes

21/10/2010